Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que cerca de 60% das cegueiras são evitáveis
É grande o número de pessoas com diagnóstico de perda de visão, principalmente, após os 60 anos, mas a boa notícia é que muitos dos casos podem ser evitados se as pessoas adotarem o hábito de realizar consultas de rotina, além de atitudes de cuidado e prevenção.
Segundo o Ministério da Saúde, existem no Brasil, atualmente, mais de 1,2 milhão de cegos. Essa estatística se torna alarmante quando comparamos outro dado importante, desta vez emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que afirma que aproximadamente 60% das cegueiras são evitáveis, isso significa que quase 700 mil brasileiros que são cegos, poderiam não ser, se tivessem recebido tratamento precocemente.
A oftalmologista, Rafaela Siviero, explica principalmente neste mês, que é dedicado a conscientização sobre a cegueira, por isso chamado de Abril Marrom, que, realmente, os problemas de perda de visão são mais comuns em pessoas com idade avançada, então cabe o alerta. “Assim como outras partes do corpo, o olho também envelhece e, com isso, sofre alterações que podem predispor a doenças oftalmológicas e levar a baixa de visão. Dentre as principais alterações oftalmológicas que acometem os idosos estão a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI)”.
A médica explicou que algumas dessas alterações, como a catarata, não podem ser totalmente evitadas, enquanto outras, como a retinopatia diabética e a degeneração macular, podem ser prevenidas e/ou ter sua progressão reduzida. “Isso é possível através de hábitos de vida saudáveis, controle rigoroso de comorbidades como o diabetes e a hipertensão arterial, evitando o tabagismo, mantendo uma dieta rica em alimentos antioxidantes, praticando atividades físicas e utilizando proteção adequada contra a radiação solar. Lembrando ainda, que a realização rotineira de consulta oftalmológica completa é fundamental para o diagnóstico precoce e tratamento adequado de cada patologia ocular”, destacou.
Especificamente, na retinopatia diabética, Rafaela explica que se a doença, no caso o diabetes, não for controlada, o paciente terá complicações, que afetarão os dois olhos, provocando uma disfunção progressiva dos vasos da retina que causa má circulação. “Esse quadro pode evoluir para extravasamento de líquido entre as camadas retinianas, hemorragias e até descolamento de retina. Se não for tratada a tempo, a retinopatia diabética pode levar a perda progressiva da visão. É importante destacar também que, além do diabetes, a hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e doenças autoimunes podem, em casos graves, contribuir para a cegueira”.
Cegueira em crianças
Incomum, mas não impossível, a cegueira em crianças pode ocorrer e exige cuidados precoces. “Infelizmente a baixa visual pode acontecer em qualquer fase da vida, inclusive, na infância. Nesse período, as causas podem incluir cicatrizes e doenças retinianas decorrentes de infecções na gestação, prematuridade extrema, malformações oculares, tumores intraoculares como o retinoblastoma, catarata congênita, estrabismo, erros refrativos, entre outros”, explica a oftalmologista.
Como orientação, a médica afirma que a primeira avaliação oftalmológica completa deve ser realizada já na primeira infância, ou seja, entre 6 meses e 1 ano de vida, sendo importante ressaltar que essa recomendação considera bebês normais e sem qualquer fator de risco. Para bebês com qualquer alteração ou fator de risco para alterações oculares, a consulta deve ser realizada o quanto antes.
“Devemos ter atenção redobrada também quando a criança está iniciando o período escolar, uma vez que problemas de visão podem prejudicar a alfabetização e o rendimento escolar. Os pais devem sempre estar atentos ao comportamento e sintomas dos seus filhos, visto que muitas vezes as crianças não conseguem expor com clareza as suas dores e dificuldades”, alerta a especialista.
Segundo Rafaela, estão entre os sinais de alerta e sintomas que os pais devem observar: as alterações no teste do olhinho e do reflexo ocular; exposição a doenças infecciosas durante a gestação; prematuros; histórico familiar dos pais; presença de malformações no rosto, olhos e/ou pálpebras; síndromes sistêmicas; presença de estrabismo; quadros recorrentes de secreção, lacrimejamento ou vermelhidão nos olhos; dores de cabeça frequentes; alta sensibilidade à luz; necessidade de assistir à televisão muito de perto; mau rendimento escolar; entre outros.
Cuidado com acessórios
Muitas pessoas talvez não se dão conta conta, mas a escolha nos tipos de óculos é essencial para garantir a saúde dos olhos. A oftalmologista explica que a exposição aos raios ultravioletas emitidos pelo sol pode favorecer o aparecimento de problemas sérios da visão, como catarata precoce, pterígio e degeneração macular da retina. “Recomenda-se o uso de óculos com 100% de proteção UV-A e UV-B tanto para adultos quanto para crianças”.
Outra orientação importante repassada pela especialista diz respeito a escolha de óculos de sol, utilizados com frequência pela população e que também devem possuir alguns critérios de qualidade para evitar prejuízos a visão. “Quando falamos sobre óculos escuros, é preciso ter consciência que o fato dele ser apenas escuro e sem proteção contra os raios ultravioleta, pode ser mais prejudicial aos olhos do que não usar nada. Isso porque, no escuro proporcionado pelos óculos, nossa pupila dilata e os raios nocivos entram com mais facilidade dentro dos olhos”, alerta.